No derradeiro dia do Rock In Rio Lisboa, os Kaiser Chiefs rubricaram um dos mais efervescentes concertos do festival.A banda que alcançou notoriedade com o álbum de estreia "Employement" , em pleno "revival" pós-punk/new wave, nunca foi propriamente tímida (no ano em que passou por Paredes de Coura, Ricky Wilson tanto pulou que acabou com o pé partido), mas agora comporta-se como uma verdadeira banda de estádio.Banda de estádio, diga-se, no sentido de tocar e convencer as massas, e também porque se socorre de cânticos, incentivos e coros em tudo reminiscentes dos jogos de futebol. A certa altura do concerto dos Kaiser Chiefs, parecia mesmo que estávamos em estágio para o Europeu que amanhã arranca.
O repertório, a abarrotar de êxitos redondinhos, teclados estridentes e refrões pegadiços, ajuda à festa, mas o principal "culpado" do motim que se instalou no Parque da Bela Vista é, sem dúvida, Ricky Wilson.O outrora rechonchudo vocalista parece ter perdido os quilos que Alanis Morisette encontrou, e entrou em palco cheio de fôlego e confiança, apelando desde logo, de forma eufórica, à rendição.
A estratégia passou por pôr meio mundo a gritar e bater palmas, e também por se misturar no meio da plateia nos primeiros minutos do concerto (ao som de "Everything Is Average Nowadays").
De óculos de sol a esconder umas faces bem rosadas pelo sol português, Ricky Wilson levou o primeiro terço do terreno ao rubro e arrancou de muita gente que nunca teria ouvido falar dos Kaiser Chiefs o inevitável comentário: "Ganda maluco!"."Everyday I Love You Less and Less", "Ruby" ou "I Predict A Riot" foram alguns dos temas mais celebrados, mas em nenhum ponto a plateia do Rock In Rio deixou Ricky Wilson - que há-de ter sido uma criança irrequieta, sempre a tentar impressionar os pais com novos truques e habilidades - a "brincar" sozinho.
Mesmo quem já sabia do que a casa gasta ficou pasmo quando Ricky Wilson deu um valente "sprint" pelo corredor central, que divide a plateia em duas gigantescas metades, para trepar à torre de som e gritar "We are the Kaiser Chiefs!". No regresso ao palco, a estafa era de tal ordem que o inglês se deitou no chão, enquanto repetia as "apresentações".
Houve ainda tempo para um tema a incluir no terceiro álbum dos Kaiser Chiefs e para "Angry Mob", um dos temas mais atípicos da banda, do seu segundo álbum. Mas mais facilmente o público irá reter a imagem de Ricky Wilson de pandeireta na cabeça, à laia de coroa, com um papel a dizer "Lisbon" nas costas ou a livrar-se do tripé do microfone na última música. Um vocalista para todo o serviço.

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