Tim, vocalista dos Xutos & Pontapés, contou ao jornal i que sabia que a canção "Sem Eira Nem Beira", do novo álbum, ia causar polémica: "Tinha consciência de que ao escrever aquilo daquela maneira ia pelo menos deitar uma peça do dominó abaixo. E depois logo ia ver quantas é que caíam. Às vezes é preciso que estas coisas aconteçam", explicou o músico.
A canção inclui os versos: "Senhor Engenheiro/Dê-me um pouco de atenção/Há dez anos que estou preso/Há trinta que sou ladrão/Não tenho nem eira nem beira/Mas ainda consigo ver/Quem anda na roubalheira/E quem me anda a comer" e foi rapidamente encarada como um protesto contra o governo. Segundo explicação de Tim, "Sem Eira Nem Beira" foi escrita no último dia de estúdio, à pressão.
Na mesma entrevista, Tim fala de períodos conturbados da banda, confidenciando mesmo que chegou a andar à pancada com Gui, saxofonista dos Xutos. "Uma vez andei à porrada com o Gui. E também parece que andei com o Ramon [Galarza], mas não me lembro". O músico lembra-se, no entanto, bem do que originou a briga com o colega: foi "por causa de um maço de tabaco. Estávamos numa carrinha no Brasil e eu escondi-lhe o maço, ele saiu da carrinha enervado, veio-se a mim e eu a ele (...) depois chorámos muito, abraçados um ao outro".
Tim recorda também períodos menos bons da carreira dos Xutos, como quando em 1990 o álbum Gritos Mudos lhes valeu comparações a Marco Paulo: "A recepção de Gritos Mudos pela imprensa foi um bocado desastrosa. Compararam-nos com o Marco Paulo. Tinha a sua razão porque éramos dois fenómenos de massas e estávamos a sair na mesma altura. Mas o que fica é que os Xutos & Pontapés e o Marco Paulo eram a mesma coisa. Começa a andar tudo à batatada. Os Xutos fecham até ao Inverno. Durante seis meses não fizemos nada".
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